quarta-feira, 29 de abril de 2009

Mais uma da série "Só para rir"




Vida de brasileiro, em um país com tantos impostos, não é fácil. Parece que a sina é levar Creu mesmo e com direito a todas as velocidades.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Chimarrut's (Versos Simples)



Essa é para você...
Você que é especial.
Você que, como eu, entra de cabeça no universo dos sonhos...

Você que faz da distância asas para dar vôos à liberdade.
Você que sabe o sentido de ser,
O sentido de crer,
Você que quer olhar para trás e dizer: valeu à pena ter vivido.

Você que vive sem se negar nenhum pedaço.
Pois sabe que a vida acontece apenas uma vez.

Essa é para você...
Você que como eu
Divide os sonhos com o som de Chimarrut's (Versos Simples)

Agora, ouve a música
Ela nos leva até onde o outro está
No espaço de um segundo.

...Um lindo dia...

domingo, 26 de abril de 2009

Lembrança...




Delta do Parnaíba, dezembro de 2008, no Rio Parnaíba. Cenário paradisíaco.
Uma das muitas belezas do Nordeste.

Sonhos de um Pequeno Príncipe


Já se passara muito tempo depois que ele viera à Terra pela primeira vez.
A redoma que guardara a flor, protegendo-a do frio, do vento forte ainda estava ao seu lado; agora sem tanta utilidade...
A flor levara em seu sono a imagem de todas as flores existentes na cabeça do principezinho. Era como se, agora, ao céu faltassem todas as estrelas - pois ela sempre lhe fôra única.
Tinha-lhe construído apreço.
Amor mesmo.
Sua partida fôra dura. A sorte é que ainda lhe restavam os pôres-do-sol.
Amava o pôr-do-sol.
E, em seu minúsculo planeta, podia ver quantos pôres-do-sol quizesse em um só dia. Bastava ir afastando-se na direção leste.
Nesses últimos tempos de solidão, depois que a flor partira, tinha visto incontáveis pôres-do-sol por dia. Era bem verdade aquela frase de que quando estamos tristes gostamos de olhar o pôr-do-sol.
Fôra nesses dias que sonhara a Terra.
Lembrara da raposa. Sentira a sua falta mais que nunca. Aprendera a amá-la à distância.
Foi então que pensou voltar a Terra mais uma vez.
Quem sabe pudesse viver ao lado do seu amor, olhar a cor do trigo que se embala ao vento. Quem sabe pudessem produzir pisadas diferentes que significassem convites ao convívio um do outro.
Pensara ainda olhar o mar, descobrir as estrelas vistas da Terra, brincar dessas brincadeiras de crianças, de super-hérois - feitos Batman e Robin.
Há muito que desejava perder a sua condição principesca.
Ela lhe era pesada.
Tomava-lhe os movimentos.
Distanciava-lhe do mundo dos outros.
Trazia-lhe dores de alma.
Queria viver o cativa-me.
Desejava dividir alegrias com a Raposa.
Mas, qual não fora sua surpresa ao perceber que isso já não lhe era mais possível.
Depois de tanto tempo, a Raposa criara seu próprio mundo. Não que não lhe amasse ainda, mas tinha outras prioridades, outros que fazeres, outros amores...
No mundo dos iguais as coisas são assim.
As oportunidades são múltiplas.
O Príncipe perdera para a distância.
A Raposa não pôde esperar tanto.
Não por escolha, mas pelo contexto, pela convivência com outros mais normais, com outros mais reais que um Príncipe de casulo.
Isso tudo fora fatal para que novos amores se criassem para ela.
Não podia mais ser apenas sua.
Tinha outros.
Ao Príncipe restou-lhe o fado de voltar vazio ao seu planeta.
Mas, ainda feliz pela Raposa, pelos novos amores por ela conquistados, por saber que sempre podiam serem amigos - mesmo sem serem exclusivos.
Voltava aos pôres-do-sol. Agora, tinha mais motivos para vê-los.
Quanto às nuves, que sempre via ao ceu na hora do pôr-do-sol, elas sempre teriam a forma de uma Raposa que mora ao longe, em um outro lado do universo, exatemente naquele ponto onde acabam todas as esperanças de um pobre Pequeno Príncipe.

sábado, 25 de abril de 2009

Só para rir


Silêncio


Ouço o silêncio
da tua voz que se cala,
dos barulhos que cessam na cidade,
da música que - apesar de linda - não consegue nada me dizer.
Com ele - o silêncio
aprendo tanto de mim,
das minhas incapacidades
do universo que é a minha alma.
...
Sinto-me sozinho
Sinto também que preciso ficar só,
para te encontrar dentro de mim,
reconstruir pontes,
trilhar caminhos que se escondem no mais fundo do meu coraçao.

...

O vazio desse silêncio traz-me a paz total
Nele sou capaz de fazer coisas que quase nunca faço
como me ouvir.
Me ouvindo, encho-me de vozes.
mas, não das vozes cotidianas
aquelas que me saudam vaziamente um bom dia,
que ecoam na velocidade do falar sem contudo dizer nada
Ouço as vozes que estão na minha cabeça
aquelas que, por medo ou covardia, nunca ouso falar
São tantas palavras que não sei dizer,
tantos ruídos que vem do meu coração

...

Sinto-me frágil,
fraco até,
vazio da fé, da esperança
Sinto-me, nessas horas de silêncio, vazio de você,
escravo da distância.

...

Que falta faz saber teu rosto
teu cheiro,
teu toque...
Sinto falta de conhecer você
de me apegar a uma lembrança real,
por menor que ela seja
mas, uma lembrança que fosse capaz de me fazer companhia nesse silêncio de alma.

...

Não ter você dói nessas horas.
...

Sufoco as lágrimas,
transformo dores em palavras,
sonho devaneios.
As horas passam
e aqui estou eu, ainda sozinho com o tempo
com o gosto do vinho na boca
com as mãos gélidas

...

Uma música ainda toca,
mas, ela não é capaz de me tirar desse silêncio.
Sorrio amarelo,
calo os desejos,
penso te perder todos os dias
de fato ainda não te tenho
nem sei se terei.

...

Que barulho faz o silêncio da tua falta!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Vazio



Hoje acordei vazio...
Vazio de alma.
...
Vazio do toque que não foi seu.
Toque ao qual eu rejeitei.
...
Acordei vazio por me sentir indigno
Idigno até de esperar uma mensagem sua - se acaso ela viesse a mim.
...
Sinto desejo de estar longe
Mas, não um longe que apenas revela distâncias, esconde rostos
...
Um longe que poderia ser de mim mesmo
Um longe desse vazio
...
Um vazio que so consigo chamar por um nome:
VOCÊ!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A Beautiful Mess



Ouço a musica.
Ela veio entre as palavras da mensagem que me enviou.
Seu nome: A Beautiful mess do Jason Mraz.
Gosto do ritmo,
Da melodia,
Dos acordes,
Da interpretação,
De toda a musicalidade existente.
Ela me leva até o seu espaço - essa é a parte que mais gosto nela.
Te conheci de forma inusitada.
Em espaço em que dificilmente se encontra pessoas como você.
Foi coisa de destino,
Não mais que poucos minutos.
Troca de palavras.
Através da janela de vidro...
Te aprendi aos poucos,
Nunca por inteiro.
Fui te tendo aos pedaços, como partes de um quebra-cabeça gigante.
Faltam-me algumas peças, mas já te visualizo.
Te delineio contornos,
Te crio imagens
Mas, não imagem de corpo - composta por carne e músculos.
Construo imagem de alma
Procuro sintetizar teus limites
Descobrir a cor dos teus sentimentos...
A música acaba
Repito-a mais uma vez.
Repito-a todas as vezes
Buscando evitar o quebrar do elo
Tentando te prender ao máximo a mim.
Te vejo em recortes
Te encontro no instante em que fecho os olhos.
Na parte do mundo onde sou mais real
Onde não preciso fugir aos julgamentos.
Lá eles são inexistentes
Te sonho grande
Cor de azul
Com suavidade de voz - aquela que aprendi ouvir em fios que se desenrolam à distância.
Toco sua paz
Ela é-me branca.
Universo de candura.
Espero te encontrar fora do sonho
No mundo real
Parte sua está em mim
Aquela que aprendi construir
Nas falas
Nos gestos escondidos pelo vidro frio
Na voz que ecoa de longe
Nos momentos em que desapareces
Nas mensagens que trocamos na velocidade de instantes
Na música que agora te traz junto a mim
Que monta mais uma parte do quebra-cabeça
Agora recolho-me na escrita.
A música ainda continua
Continuará por mais um tempo
Vai ficando o gosto do desejo
O gosto de saudade
Continuo com você
A cada verso
...
A Beautiful Mess

terça-feira, 7 de abril de 2009

Ser ou não ser?


Ela sempre lhe chamava de volta - a Terra.
Embora soubesse que ela era o seu lugar teimava em sempre se distanciar dela.
Mas, não se distanciava voando em aviões, foguetes ou naves espaciais.
Distanciava-se através do pensamento.
Há tempos (nem fazia idéia desde quando, talvez desde sempre) que aprendera essa forma rápida e barata de conhecer outros espaços, outros mundos e até outras vidas.
Dessa forma ja conhecia quase o mundo todo...
Entre as viagens mais importantes que já havia feito tinha a que o levara ao próprio interior e aquela que te levava aos mundos proibidos.
A primeira fora importante para o autoconhecimento, para expurgar os demônios interiores.
Com essa viagem aprendera sobre a fragilidade humana, sobre a existência do Deus e do Diabo que é pertinente a todos nós.
No inicío, fora muito assustador.
Nem sempre estamos preparados para encarar o lado escuro existente em nosso coraçao.
A outra viagem, com certeza era bem mais agradável
Com ela podia mergulhar no azul,
Tecer sonhos,
Imaginar o inimaginável.
Nesses horas quebrava as amarras da decência, perdia o senso dos limites...
Permitia-se correr riscos desmedidos, voar por lugares inexplorados.
Podia olhar lá de cima e correr as mãos por entre seus sonhos - nesses momentos, todos alcançáveis.
Até que era acordado pela voz da razão.
Dessa forma, sem nenhum para-quedas, caia das alturas dos sonhos e voltava a sua realidade - era o chamado da Terra.
Sabia que não podia deixar de viver a realidade, mas nunca deixaria de voar os espaços do sonhos.
Lá conseguia ser completo,
Livre de todo e qualquer preconceito.
Sentia-se Peter Pan
Sem precisar crescer.
Paradoxo de ser e querer, da razão e da emoção.
Ser ou não ser? Como diria Shakespeare, eis a questão!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Dor


Eu não sei explicar de onde.
Quando percebo ela já está aqui comigo, em meu peito.
É uma dor sem origens.
Dor de falta, de medos, incertezas.
Dor do sonho sufocado, aquele que desenhei azul, que alei com asas da minha imaginação...
Essa dor é também a dor do outro, daquele que me sensibilizo, que me ponho em seu lugar e consigo sentir sua agonia e tristeza - como dói doer assim...
Essa dor pesada que chega quando não espero parece nunca querer ir embora, embora dure apenas o tempo necessário de purificar minha alma.
Essa dor é dor que me faz em cinzas, mas também é dor que me leva ao renascimento.
Agora que chegou é dor de sua falta.
Dor do pouco tempo que pretendia ser grande e que de fato o foi.
Pois, mesmo tão pequeno em horas, foi um longo tempo do coração.
Foi o tempo necessário para preencher espaços, os mais intimos, os mais desconhecidos.
E tudo estava tão repleto que esvaziar-se assim causou dor.
Dor da falta do cheiro, do riso fácil.
Essa dor se me derrama pelos olhos, me faz cachoeira...
Me faz lembrar dias de invernos: frios, escuros, longos, solitários.
Talvez eu esteja inverno...
Minha alma treme em frio.
Meu corpo recolhe-se sob o cobertor.
Meu peito chora...
A dor me nega sua presença ou quem sabe sua ausência é quem me cause a dor.
Sei que a dor é por medo, por proteção.
Medo de perder o que de fato nunca tive e talvez não o tenha por me proteger da dor da perda.
Dor de contradição.
Dor de existência, da falta dela...
Dor parida das lembranças de outras dores.
Dor que me aproxima de você e que me afasta de mim mesmo.
Dor já de saudades...

domingo, 5 de abril de 2009

Fim de início...

Morre o dia.
As luzes das ruas que se acendem são quem me avisam.
A cidade entristece.
Torna-se viúva da claridade que parte, vestindo o seu manto negro de luto e pesar.
As cores se recolhem
Você dorme,
Parece não querer perceber que em pouco tempo morre o encontro.
Meus olhos vigiam cada segundo.
Percebo que falta pouco
O relógio do tempo não sabemos fazer parar
Foram menos que poucos dias
Coisa de loucura
Dessas que a gente faz para depois pensar o que fez
Ninguem sabe o meu destino
Onde fui, com quem estou...
Sabem de mim, mais perto.
Em uma cidade que criei um nome, onde fingi estar.
Mas, você que agora dorme me sabe ao seu lado
Ela também sabe, por confiança.
Enquanto escrevo percebo o negro da noite apossar-se ainda mais das cores da cidade
Parecem até invandir o meu quarto, passando pela janela de vidro.
Hoje estamos aqui.
Em um ontem bem perto éramos apenas imagens de janelas, dessas de vidros do mundo moderno.
Foi tanto tempo de janela, me diz você que foram três anos.
Te conheci de vermelho no cabelo,
Me acostumei a ti.
Olha onde paramos...
Em seu mundo, longe do meu...
Aqui sou fantasma
Nunca vim, ninguém nunca soube... a não ser você que agora dorme.
Poucas horas faltam para que eu parta, saia do sonho
Para que eu volte ao meu mundo e te veja de novo pelas vidraças...
Logo serão três horas...
Não esquecerei você
Parte sua irá comigo ao mundo real.
A parte boa
Aquela que nao deixarei de lembrar.
Aqui, na terra do nunca, onde sou fantasma, as coisas acontecem...
Quem sabe eu ainda volte.
Quem sabe eu ainda possa me tornar fantasma outras vezes.
Ainda estou aqui, mas sei que me perderei de você quando o relógio tocar às três...

Construindo castelos


Sem nenhum aviso ele caíra...
Caíra assim, tão rápido quanto fôra construído...
Carta por carta.
Agora - vendo todas as cartas espalhadas pela mesa, outras pelo chão da sala - tomava consciência da efemeridade das coisas.
Quando começou a construir o seu castelo sua preocupação única fôra vê-lo findo.
Assim, passara a erguer o emaranhado de toda a estrutura.
Carta por carta...
Não importava o material utilizado para isso.
Os quatro naipes do baralho, sem nenhum critério de escolha, foram sendo utilizados nesse processo - e outros naipes também teriam sido usado se ainda houvessem.
Era comum ver-se nas paredes da obra um dois de paus ao lado de um valete de ouro. Ou quem sabe uma dama de copas sob um rei de espadas...
Como os seus sonhos, as paredes do castelo iam alto.
Os sonhos que cresciam em sua cabeça tal qual o castelo iam construindo formas, contornos, delineios, cores, visibilidade...
Cada peça se arrumava e parecia encaixar-se perfeitamente até o momento da janela.
Bem, não exatamente até o momento da janela, mas até o instante em que a rajada de vento desavisada invadiu a sala, janela adentro.
Foi nesse momento que o castelo caiu.
Carta por carta...
E ficara alí olhando para elas, estático.
Mórbido em si mesmo.
Temia agora pelos sonhos.
Eles eram tais os castelos de carta que passara a vida toda a construir, vendo-os ruir um por um.
Não se pode esquecer de sonhar.
Os sonhos são fundamentais para a vida.
Só não podemos construi-los de qualquer forma.
Há de se ter uma observância nos materiais que se usa.
Há de se ter também sempre o cuidado de escolher o lugar certo onde construí-los.
Não se deve construir os castelos dos nossos sonhos perto das janelas.
Elas dão passagem ao vento.
Ventos fortes derrubam castelos, espalham cartas sobre a mesa, sobre o chão.
Ergue os teus sonhos dentro das muralhas da confiança, do respeito ao próximo. Fundamentado no bem comum, na segurança da família.
Esses elementos impedem a passagem dos ventos da maldade, da falsidade, da descrença.
Não importa que algumas cartas se espalhem pelo chão.
Sempre haverá a oportunidade de construir um novo castelo, de reerguer os teus sonhos.

sábado, 4 de abril de 2009

Fazendo escolhas


Chegara a primavera...
Sabia não porque conferira a data no calendário, mas pelas mudanças que sabia presenciar, sentir...
As vozes dos pássaros que cantavam à janela tornaram-se mais sonoras, o vento que fazia vibrar as cortinas do seu quarto trazia consigo o cheiro das flores da estação.
Nessa época, percebia que a luz do dia, aquela que quase lhe tirava da prisão de escuro, era marcada por uma maior intensidade de cor.
Fôra assim que aprendera a primavera, atraves do manifesto de traços que essa ia deixando na natureza. Pela alegria reinante que teimava tocar todos os seres.
Fôra assim também que aprendera muitas coisas, não com os olhos, mas com o coração.
Amava a primavera.
Sonhava com ela em seus sonhos.
Sonhava cores, vôos, borboletas, pássaros...
Mesmo sem ter a certeza que as cores, os vôos, os pássaros e as borboletas dos seus sonhos correspondiam aos do mundo dos olhos, sentia-se feliz por vê-los. Afinal tinha consigo a certeza que a melhor forma de se ver é com os olhos da alma.
A primavera que descobrira em seus sonhos era a primavera do coração.
O amor pela primavera nascera com as borboletas.
Com os olhos dos outros aprendera que essas - as borboletas - conseguem pontilhar de vida e de cores os lugares onde passam.
Quando pedia a alguém para lhe falar sobre esses pequenos insetos percebia que todos lhe falavam apenas coisas bonitas.
A graça do vôo; a elegância dos bailes nupciais; o universo de cores que saltam de suas asas, parecendo até querer roubar dos olhos da gente toda a nossa atenção para a mágica que se desprende em matizes.
Falavam ainda da suavidade de sua existência, do amor gratuito que roubam da gente, da alegria das crianças que correm atrás delas, fascinados por suas cores e formas.
Era assim que todo mundo via borboleta.
Parecia que ninguém sabia ou não queria saber a outra história que a borboleta esconde. Pareciam não saberem suas fraquezas e fragilidade de vida.
Aquela fraqueza de viver não mais que poucos dias.
Pois vida de borboleta é assim.
Após romper o envólucro que lhe aprisiona em forma de casulo e que lhe liberta da condição de lagarta restam-lhe apenas poucas horas para dar sentido a sua vida, encher os campos de cores e alegrar os olhos de quem as vê passar em vôos que parecem nunca findar.
Ninguém parecia lembrar, ao menos não lembravam quando lhe falavam , que vida de borboleta é passageira e que para isso há de se ser lagarta antes.
Talvés não lhe falassem por que isso não importava de fato.
Afinal não importa o que fomos, mas o que somos.
Para toda lagarta há sempre uma chance de se tornar borboleta.
Achava-se meio lagarta, mas não queria ser lagarta para sempre.
Não sentia tanta falta da vista que nunca fora dada aos seus olhos - nascera cega - a não ser nesses momentos de primavera em que sentia vontade de ver as borboletas.
Por isso aprendera a ver com o coração.
Mas, o que realmente sentia falta era de poder sair da prisão do seu quarto, da prisão do escuro. Essa prisão que lhe conferia vida de lagarta.
Gostaria de um dia ser lembrada pelas pessoas como alguém que teve vida de borboleta. Alguém que foi capaz de voar espaços, encher os campos de cores, fazer as crianças sorrirem com a sua presença.
Alguém que beijara as flores, que se alimentara do néctar da alegria de viver.
Para isso acontecer teria que construir o seu casulo, ter forças para rompe-lo e por fim secar suas asas ao sol.
O primeiro passo era fazer escolha, tomar coragem.
Afinal ser borboleta é escolha, mas escolha da gente e não dos outos.
Nunca lera que havia uma obrigação das lagartas virarem crisálidas e por fim borboletas.
Quando chegava o tempo certo, o tempo de morrer a lagarta que existia em si, essas viraram borboletas.
Não importava não ter luz nos olhos, tinha muito luz no coração, seria capaz de transformar-se em borboleta.
Naquele instante fazia a sua escolha!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Carpe diem

Era tempo de ser feliz...
Estava alí para isso.
Tentando correr atrás desse tempo que há tempos se perderá em algum lugar do seu próprio eu.
Não sabia como seria...
Se apenas pelo período de um tempo embriagante - após as 04h e tal.
Sabia apenas que alí chegara com a opção de viver...
De continuar sendo feliz.
Ser feliz, nesse momento, nada mais era que uma escolha.
Escolha de aproveitar o frio debaixo do edredon...
Ou quem sabe escolha de dormir mais um pouquinho, enquanto a hora chegava.
Poderia também apenas puxar a cortina e olhar pela janela de vidro - única barreira que lhe cortava o elo com o mundo real, que lhe separava dos espaços das pessoas que caminhavam pelas ruas nostálgicas.
Era fim de dia...
As claridades do dia cediam pouco a pouco espaço para e penumbra da noite que estendia seu manto negro pelos telhados das paredes de concreto.
Luzes de postes incadescentes uma a uma ia acendendo, disputando o domínio da claridade com os últimos raios de sol que se deitavam preguiçosos na linha do horizonte...
Era tempo da noite.
Tempo do coração.
Tempo de deixar para trás o tempo que se perdeu
Tempo de olhar para dentro, de contar o que restou...
Tempo de correr risco - ainda que os mais ousados, do tipo que assombra o corpo e alegra a alma.
Era também tempo de escrever, de registrar impressões...
Tempo de sufocar-se com a ânsia de viver...
Tempo... nadamais que isso... apenas tempo...
Mas, não era tempo de chorar o que se foi, o que poderia ter sido.
Não era tempo de perceber que fora feliz e não sabia.
Ou ainda de fazer planos para ser feliz futuramente.
Era tempo do tempo presente. Desse tempo que vivemos agora...
Esse tempo que faz contar as batidas do coração, que faz desejar uma bebida gelada.
Era tempo...
Tempo apenas de recuperar o tempo de ser feliz!
Carpe diem!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Caixinha de Pandora



Como nasce o ser humano?
É bem certo que muitas respostas podem ser construídas para a mesma pergunta, de acordo com a ótica de interpretação, e acredito que não seria diferente para a pergunta acima levantada.
Alguém que levasse em conta apenas a questão biológica poderia dizer que esse nascimento se dá a partir do encontro e fecundação entre gametas - masculino e feminino -, onde se processaria a gestação até chegar o momento de expelir-se a nova cria, quando esta sairia da barriga da mãe.
Já alguém que levasse em conta os princípios religiosos poderia afirmar, dependendo da sua crença, que, somado ao afirmado anteriormente, teria que haver uma alma e um espírito que viesse conferir o sentido de humanidade ao ser homem/mulher. Havendo, portanto, uma questão divina para a idéia discutida.
Sociológos poderiam afirmar que após o nascimento seria necessário a convivência em sociedade, pois o tornar-se humano não se confere no isolamento, mas, assumindo-se real apenas na convivência com o outro, na troca de experiências, na promoção de aprendizagens grupais.
Somem-se às respostas aqui apresentadas outras tantas que poderiam serem dadas e que iriam, longe de esvaziar a questão, torná-la ainda mais pertinente.
Iriam variar apenas de acordo com as subjetividades inerentes, com as formações cognitivas, políticas, como também de acordo com as crenças, com a temporalidade e com as noções sobre o tornar-se humano.
Não pretendo aqui por um ponto final sobre a questão, mas torná-la ainda mais inquientante. Acredito que quanto mais indagações tivermos mais oportunidades surgirão para buscarmos respostas, para serem promovidas as mudanças necessárias.
Quero aprenas acrescentar algumas questões que para mim são relevantes e que vêm, no meu ponto de vista, nos fazer questionar sobre o quanto temos construído de humanidade em nós mesmos.
Acho que além dos pontos apresentados, não negando suas pertinências para o tornar-se humano, podem ser acrescentados outros tantos e que são da ordem das escolhas, das decisões, dos valores, da subjetividade, do consciência politítico-cidadã, da consciência sobre o nosso papel no mundo, dos direitos e deveres entre tantos outros.
Uma boa pergunta que nos podemos fazer em relação a essa questão é sobre onde foi parar a bondade humana.
Mas, não aquela bondade que se apieda das tragédias veiculadas cotidianamente, em forma de exploração, nos veículos de comunicação de massa ou que nós faz esmolar um pedinte que passa, que nos deixa triste quando vemos uma criança de rua, um cão abandonado. Não falo dessa bondade de sobejo.
Não que ela não seja importante, muito pelo contrário. Ela é um sinal de alerta da nossa humanidade adormecida e tem que existir sempre. Mas, não me refiro a ela por ser uma bondade de de vez em quando, de necessidades maiores e que se instala até em outros animais inferiores ao verem um outro sofrendo.
Falo aqui daquela bondade de todo dia, aquela que nos faz evitar o aproveitar-se dos cofres públicos, da fraqueza alheia.
Falo daquela bondade tão espontânea como o abrir dos olhos de todos os dias após uma longa noite de sono.
Falo da bondade de tratarmos a todos por igual, do não expressar o carinho afetado, quando queremos algo em troca e que assusta o outro que vai logo dizendo - "Diga logo o que você está querendo!".
Essa bondade natural, em meu ponto de vista é de fundamental importância para o assumir-se humanemente. Mas, essa tem se perdido em face de um mundo tão capitalista, consumista e indiviualista.
De certo o ser altruista não está muito em voga em nossos dias. O ser tem sido esquecido em face do ter.
Em um contexto assim o "ser humano" (aquele que é consciente de si e do outro) encontra cada dia menos espaço de sobrevivência. Ele passa a engrossar a lista dos animais em extinção.
Será que ainda existe entre nós alguém que guarde essa fórmula de sobrevivência?
Há ainda quem guarde o verdadeiro segredo da humanidade?
Ou será que este segredo morreu com nossos antepassados?
Espero que ainda existam aqueles, mesmo que poucos, que se lembrem de como reencontrar o espírito perdido.
Espero que possam por fim nos apresentar a chave.
A chave que guarda o mistério do ser humano dentro da caixinha de Pandora!

Recomeço


Esse texto fiz ouvindo a música Lanterna dos Afogados, na voz de Gal Costa e Hérbet Viana. Aí está o vídeo como homenagem ao momento e para que possamos nos deliciar com essa primazia musical.

Foi olhando o pôr-do-sol que despertou para a vida
Agora mesmo, se perguntado, não saberia descrever com clareza o exato momento em que tudo acontecera. Mas, com certeza, tinha consciência da importância dos acontecimentos.
Não fôra sempre que gostava de olhar o pôr-do-sol.
Por muito tempo (por anos até) o encerrar do dia não conseguia lhe atrair a atenção, era como um fato banal.
Mas, tudo mudara...
De repente; mas, não desses de repente, de estalo; conseguiu perceber que se tornava necessário dar um outro sentido a sua vida. Ou melhor, sua vida precisa encontrar um sentido, pois começava a percebe-la desprovida disso.
As efemeridades do cotidiano já não conseguiam lhe preencher os vazios e, quando esses eram ocultados pela anestesia dos barulhos da vida agitada (tal efeito alucinógeno de drogas que disfarçam a realidade) eram despertados mais tarde pelo vazio profundo, qual cratera que se abria no peito, quando todos os barulhos cessavam.
Nesses momentos conseguia acordar das prisões disfarçadas de liberdade, das alegrias passageiras construídas com álcool, festas e noites de amores fáceis.
Fora num desses momentos, em que acordara do momento de fantasia, que descobrira a graça dos pôres-do-sol.
Esse encontrou trouxe-lhe de volta para dentro de si.
Promoveu-se um retorno às origens.
Foi tudo tão significativo que as lágrimas finalmente reencontrara o caminho dos seus olhos, após tanto tempo de ausência pela face.
Conseguia chorar sem sentir vergonha de sí mesmo.
Voltava a perceber o quanto os pequenos momentos são significativos.
O quanto faz bem à alma admirar o nascer e o pôr-do-sol, contar estrelas à noite, cerca-se de uns alguns minutos de solidão...
A felicidade é construída nesses pequenos momentos do dia-a-dia.
Quando alicerçamos o ser feliz em grandes feitos somos felizes apenas de vez em quando. Pois os grandes feitos não acontecem todos os dias.
Porém, quando decidimos ser feliz nas pequenas coisas, podemos ser feliz cotidiananemente, pois as pequenas coisas estão acontecendo ao nosso lado, dentro de nós a todo momento.
Não deixe o pôr-do-sol passar por você de uma forma despercebida.
Lembra que ele leva consigo as realizações de um dia que se foi, as frustrações, os desejos atendidos ou não.
Mas, lembra também que ele sempre vai assumir o compromisso de voltar no outro dia, trazendo consigo a esperança do recomeço.
Olhe a lua, o azul do céu e do mar...
Encontra sua criança perdida...
Escolhe a felicidade...
Recomece-se...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Pôr-do-sol


Era mês de fevereiro, hora de pôr-do-sol...
Mas, não Pôr-do-sol de dia que se finda, daqueles que ponteiam o céu com um prisma de cores.
Não era também pôr-do-sol do tipo que deixa atrás de si promessas de um amanhacer carregado de vozes de pássaros e de brisa matinal que assobia nos umbrais das janelas...

Era pôr-do-sol de alma.
A noite há tempos que se esboçara na alma, carregando junto a si sombras melancólicas do orgulho ferido e das descrenças. Marcando o espírito pela nostalgia de um passado imaginário...
O regato junto a alma secara suas águas nos últimos dias, as árvores revestiam-se de cores catédricas assumindo uma posição de recolhimento.
Mas, não era ainda inverno...
Contudo, tinha-se a sensação de frieza, aquela que enrijece os nervos, que entumece a pele, que nos coloca em posição fetal e que nos empurra para dentro de nós mesmos.
Pôr-do-sol de alma é assim...
Não há promessas de um dia que se renova, nem o multicolorido que acompanha o suspirar do sol que adormece.
Há sombras que se esgueiram pelas avenidas do pensamento, que constroem moradas nos sentimentos e que transformam o coração em noites de agonias que nunca se findam.
Quando por fim reina o silêncio da noite já instalada há de se ter chuvas torrenciais, daquelas que transformam os olhos em torrentes e o rosto em cachoeiras por ondem as lágrimas sulcam.
A chuva há de lavar a alma, libertar as correntes, tornar o corpo leve...
A melancolia agora reinante é acalantada pelo assobio do vento gélido...
As portas e corredores do espírito ragem em uma agonia sibilante...
Sente-se a saudade das cores do dia, da alegria do movimento das coisas, da beleza da vozes dos pássaros...
Sente-se a saudade do viver, do ser...
Pensa-se pequeno, vê-se ínfimo...
Paradoxo de existência reina absoluto...
Onde estou, para onde vou?
Quem me tornarei?
Quem sou além do pôr-do-sol que ora se instala em minha alma...?

terça-feira, 31 de março de 2009

Confissão


Eu poderia falar de flores, mas não teria a competência de descrever suas cores, seu perfume, elegância...
Eu também poderia falar de amores mas me perderia no emaranhado de sua completude, nos enlaces de corpos que se unem, na cumplicidade que se entende com olhares...
Poderia ainda falar de saudade, mas não saberia descrever aquela dor que rasga a alma, que parte o coração ferido e que faz chegar aos olhos toda a sua pujança em um mar de lágrimas que lava o rosto e que faz soluçar o peito enamorado...
Eu poderia falar de sonhos, mas não saberia dar cor ao azul, nem fazer notar a maciez das nuvens que povoam o imaginário da mente que se liberta das dores e viaja por esse país de fábulas e universo de seres angelicais...
Eu poderia ainda falar da lua, mas não seria capaz de revelar o seu encanto prata, a sua solidão noturna acariciando a face das águas e irradiando os amores proibidos...
Eu poderia falar do mar, mas não poderia descrever em palavras o movimento das ondas que se vem render submissas aos pés da areia...
Eu poderia falar das estrelas, mas não teria a competência para transformar em palavras os seus enigmas cintilantes...
Eu poderia falar daquilo que és para mim mas não saberia caber num texto o tamanho do sentimento que se desprende da alma e que invade espaços que nem sei existirem...
Não sei falar de mim, nem de ti...
Pouco te conheço. Nada sei de mim além daquilo que sou em cada momento vivido, em cada instante de fôlego.
Falo palavras que nao penso
Penso coisas que não digo...
Ajo por impulso, também me reprimo
Busco em meu interior estrelas que vi brilhar um dia, amores que se perderam para sempre.
Incompleto tento me encontrar.
Tento te achar sem saber quem és, onde estás...
Seu ao menos eu soubesse, falaria... das flores, do amor, da lua, das estrelas...
Mas, como falar se tudo que sei é exatamente que nada sei...?

Assumindo o ser nada!


Hoje, estou aqui para falar de nada!
Mas, não de um nada vazio de conteúdo... aquele nada que nos referimos quando queremos dizer que alguém "falou, falou e não disse nada"!
Pretendo falar de um nada mais concreto. Um nada que apesar da subjetividade que carrega em si mesmo é dotado de uma magnitude substancial.
O nada não é apenas a negação da exisência de algo, o vazio completo.
Ele também representa as oportundades negadas, a falta de escolha, a ausência de nós mesmos.
Quantas vezes temos assumido a passivadade do nada por não nos encontrarmos dentro de um universo que somos nós mesmo? Nesses momentos parecemos ser uma alma que habita um corpo estranho, que se encontra desprovida do sentido da existência...
Ser esse nada dói, e não dói por causa do outro, devido a falta de alguém ou algo importante, mas dói pela falta que sentimos de nós mesmos, pela falta do prazer da nossa própria companhia, pela falta do bem estar da nossa aparência, pela falta do amor próprio, pela falta de cor da nossa alma.
Quem nunca viveu esse fase do nada ser?
Eu ja vivi...
Acredito que muitos de nós já vivemos, afinal é uma condição humana...
Mas, esses momentos do sentir-se vazio são importantes para a nossa maturação, para a reflexão das nossas escolhas, tomadas de atitudes, enfrentamento da realidade.
Sentir-se nada é condição fundamental para nos tornarmos aquilo que desejamos, apossar-se daquilo que viria nos completar. Às vezes o ser nada é a única opção que temos para aprender!
Se nesse momento você se sente um nada. Não se julgue incapaz. Reflita. Acredite. Aceite-se. Mature-se...

Desperta deste casulo que lhe tolhe os movimentos, que lhe aprisiona a alma, lhe torna crisálida...
Não tema romper a casca (há de se ter coragem para isso).
Por fim verá que o grande desafio era apenas encarar você próprio e não o mundo lá fora. Afinal não importa de fato o que os outros pensam sobre a gente, importa mais o que pensamos sobre nós mesmos, importa aquilo que assumimos ser.
Vença os desafios!
Crie asas.
Ainda podemos deixar de ser nada.
Alce os vôos das borboletas, adentre os portões da liberdade, colha as flores da existência.

Café ou Chá?

Às vezes a gente nem sabe por que aconteceu...

De repente, já está lá.
Vem a idéia. Essa dorme a sonolência necessária a sua maturação, transforma-se em cócegas que massageiam o cérebro até explodir em um turbilhão de letras que se arrumam em palavras, essas em frases e as últimas em texto.
Pronto...
Eis como se processa a gestação e a parição da escrita.
Nem é preciso falar que antes disso teve a fase do namoro, onde os olhos se deliciaram com a leitura, achando-a formosa, contornando suas curvas, invandindo suas entrelinhas... Outras vezes a leitura é chata, sem graça, desapetitosa mesmo, representando o paradoxo de toda namoro que se preza.
No ápice da libido acontece o coito, onde as idéias do leitor se chocam com as idéias da escrita, gerando um novo saber que, após meses encubado, põe por fim sua cara no mundo.
Daí a gente inventa de por tudo no papel...
Mas, o papel se torna pequeno demais para tanta idéia que se reproduz...
A gente então acha que é tempo de criar um blog, porque os pensares da gente não precisam se esconder apenas dentro de nossa cabeça, mas podem invadir outros espaços, outras mentes, outras cabeças.
Isso tudo pode ser meio louco, mas também é muito real.
Motivado por esse pensar estarei aqui compartilhando idéias, fatos, práticas...
Você é convidado a me acompanhar nesse processo.
Desde já agradeço a sua visita, paciência, tolerância...
Em nosso primeiro encontro sou tentando a lhe convidar a entrar, a sentar-se, a fazer morada...
Mas, antes que eu esqueça, o que vai querer? Café ou chá?